Sunday, July 05, 2020

Rock’n’Read – Edição 083

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Oi gente tudo bom?

 Faz algum tempo que encomendei as traduções da "Rock’n’Read – Edição 083".Nela temos uma entrevista com Mana, Közi e Yu~ki e uma entrevista com Mana e Kiryuin Sho (Golden Bomber).

Estou disponibilizando aqui essas traduções. 

Fiquem a vontade para ler e para compartilhar o link!

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Amazon.com: ROCK AND READ 083 (9784401771769): Books

Rock’n’Read – Edição 083

Mana/Kozi/Yu~ki
MALICE MIZER – O Revival Sagrado
Como a lenda nasceu e foi ressuscitada?

“Acredito que fizemos tudo que deveríamos ter feito no aniversário de 25 anos. Poder fazer o show com o som do Kami foi muito importante.”

— Faz um ano desde que você apareceu nessa revista, Mana.

Mana: É verdade. Eu dei a entrevista em março do ano passado (2018). Faz exatamente um ano.

— Em “A verdade do 26o  ano” (entrevista passada), você falou sobre o processo por detrás do “Deep Sanctuary VI” e outros assuntos. O Kozi apareceu nessa revista em 2010, então faz 9 anos desde a última vez. E é a primeira vez do Yu~ki, apesar de eu já ter solicitado uma entrevista com você antes.

Yu~ki: É mesmo? Eu não estou lembrado disso…

— Quando foi confirmado que você ia participar do “Deep Sanctuary II” em 2010, eu solicitei uma entrevista para saber quais eram os seus sentimentos na época, já que seria a sua primeira vez nos palcos desde que o MALICE MIZER entrou em pausa. Mas você recusou a entrevista dizendo que não estava mais fazendo música.

Yu~ki: Eu não tinha nada para falar na época. Por isso mesmo faz muito tempo que eu não participo de uma entrevista para uma revista como essa.

Kozi: Vamos ter que fazer você falar bastante hoje então!

— Vocês não aparecem como MALICE MIZER numa capa de revista desde que a banda entrou em pausa há 18 anos, não é?

Kozi: Eu fiquei surpreso! Pensei “vamos aparecer numa capa bem agora?”. É claro que no ano passado nós fizemos o show de comemoração dos 25 anos e ainda tem o DVD do show que lançaremos em breve, mas realmente fica parecendo que estamos fazendo um comeback definitivo.

Yu~ki: Apesar de ser um show de comemoração de 25 anos, nós ainda assim estamos parados há muito tempo, né? Nunca imaginaria que seriamos convidados para ser a entrevista de capa de uma revista, por isso fiquei muito feliz e agradecido de verdade.

— Dando continuação à entrevista que eu fiz com o Mana há um ano, agora que o “Deep Sanctuary IV” acabou, eu gostaria de saber de vocês três sobre todo o processo até o show ser realizado e como foi após o término do mesmo. Kozi e Yu~ki, qual a posição e sentimento de vocês em relação a esse evento?

Yu~ki: Acho que primeiro eu recebi um e-mail do Mana-chan? Eu sei que o Mana-chan gosta de aniversários, então eu já esperava que ele quisesse fazer alguma coisa nos 25 anos da banda…

Mana: Ouvir o Yu~ki-chan falando assim me fez perceber pela primeira vez que eu realmente gosto de aniversários (risos). Pensando bem, eu realmente faço muitos eventos comemorativos.

— Na realidade vocês planejavam fazer um evento de comemoração dos 20 anos, não era? Mas o evento não aconteceu por causa das circunstâncias da época.

Yu~ki: Sim, sim. Por isso mesmo eu já estava meio nervoso pensando se não íamos fazer nada para comemorar os 25 anos e aí chegou o e-mail.

Kozi: Como era de se esperar (risos).

Yu~ki: No princípio ainda não tínhamos uma ideia muito bem formada e ficamos pensando sobre como prosseguir com esse plano.

— Isso foi quando?

Mana: Em agosto de 2016, depois do show do “Deep Sanctuary IV”. O “Deep Sanctuary” é originalmente um evento do Moi dix Mois que realizamos uma vez a cada dois anos e virou tradição fazermos um session do MALICE MIZER nesse show. Em 2016 já era a quinta vez que estávamos fazendo esse session, mas o final da apresentação foi diferente de todos os outros. Essa história é contada nas filmagens sobre os preparativos do “Deep Sanctuary IV”. Mas é melhor eu contar essa história aqui?

— Por favor.

Mana: Bom, resumindo a história, no fim da apresentação começou a tocar o instrumental de “au revoir” do MALICE MIZER. Foi quando o Kozi disse “motto” para o público…

— “Motto” é a palavra cantada antes de começar o refrão de “au revoir”.

Mana: Foi aí então que começou um grande coral de “au revoir”.

Kozi: A apresentação tinha acabado e eu, o Mana-chan e o Yu~ki-chan tínhamos voltado para o palco para cumprimentar o público pela última vez antes de encerrar o show por completo. “Au revoir” estava tocando como música de fundo e quando já estávamos para sair do palco, era hora do refrão da música. Havia um microfone bem na minha frente, então eu aproveitei e disse “motto” antes de sair do palco, mas o público continuou a cantar a música.

Mana: Não havia nada combinado entre nós para que o Kozi fizesse isso, foi algo espontâneo dele.

Yu~ki: Nós três ficamos escutando o público cantar “au revoir” dos bastidores do palco… Foi nessa hora que senti algo muito forte nascer em mim. Era uma mistura de sentimentos, a vontade de atender às expectativas dos fãs e a dúvida se realmente estávamos no caminho certo. Foi por causa desse acontecimento que o Mana-chan deu a sugestão da comemoração de aniversário, por isso não havia motivo para recusar e nós concordamos.

— Quando você diz que se perguntou se vocês estavam no caminho certo, o que você estava sentindo mais especificamente?

Yu~ki: É uma sensação difícil de explicar. Não sei bem como falar. Hm… É complicado.

Mana: Acredito que cada um sentiu-se de maneira diferente, mas… Até aquele momento, toda vez que fazíamos a session de MALICE MIZER no “Deep Sanctuary”, o tom da apresentação era sempre de “o importante é que seja divertido” e só isso. Nós também apresentávamos apenas em torno de duas músicas. Mas na hora em que eu escutei o coral de fãs cantando “au revoir”, eu entrei no meu modo sério, por assim dizer. O sentimento que surgiu em mim foi de querer apresentar para eles o MALICE MIZER de uma forma mais concreta.

— O público cantando foi tão poderoso que mexeu com os sentimentos de vocês.

Mana: Dava pra ouvir eles cantando até na parte interna da casa de shows, então foi muito impactante. Afinal das contas, todo mundo lembrava da letra. Não é como se a gente tivesse pedido para eles decorarem a letra antes da apresentação. E eles cantaram a música até o fim.

Kozi: Tudo começou graças ao meu “motto” (risos). Depois disso, o público cantou o refrão e  seguiu cantando do segundo verso até o fim da música. Nem eu lembrava da letra inteira, então achei incrível como eles cantaram tudo.

Yu~ki: Não conseguimos sair dos bastidores. Ficaram os três um do lado do outro, balançando os ombros (risos).

— Se não fosse por esse acontecimento, provavelmente não haveria um planejamento tão grande para um revival do MALICE MIZER no aniversário de 25 anos?

Mana: Provavelmente. Acho que não iríamos nos movimentar para fazer um evento de porte tão grande.

Kozi: Para a pessoa que curte comemorar aniversários, esse acontecimento acabou coincidindo com o timing para o planejamento da celebração de 25 anos da banda.

Mana: Mas na verdade em 2018 era aniversário de 26 anos de formação da banda (risos).

Kozi: Verdade, a banda foi fundada em 1992. Mas a gente deu uma forçadinha e voltou um ano atrás para poder comemorar os 25 anos (risos).

— No dia desse acontecimento houve uma mistura de vários fatores, não foi?

Yu~ki: É verdade. E nesse dia eu refleti muito sobre como o MALICE MIZER não era algo só nosso e que a banda só é o que é por causa do apoio dos fãs.

— Até então você nunca havia pensado no MALICE MIZER como sendo algo de todos?

Yu~ki: Obviamente eu sempre soube que só era possível continuar fazendo música por causa do apoio do público, mas no fim das contas a gente sempre fazia o que queria com a banda. De todos nós, eu e o Kozi particularmente estávamos sempre fazendo o que queríamos e por isso mesmo, acho que acabávamos privilegiando nossas ideias em vez de pensar num coletivo.

Kozi: Penso que nós estávamos tão ocupados com aquilo que estávamos fazendo que na verdade não tínhamos muito tempo para pensar em outros aspectos.

Yu~ki: Imagino que o Mana-chan, nosso líder e produtor, tinha suas próprias ideias sobre como deveríamos conceber novidades para a banda, mas ele mesmo nos disse que “você e o Kozi são artistas e devem fazer aquilo que querem”.

Kozi: Mana-chan está fazendo uma cara de quem está confuso. Você não se lembra mais disso (risos)?

Mana: Eu não me lembro se eu usei exatamente essas palavras para falar com vocês (risos). Na época eu pensava que todos os membros tinham seus próprios talentos e por isso eu queria aproveitá-los na banda de uma forma balanceada.

— O mundo particular e único do MALICE MIZER tomou forma graças ao fato de vocês terem tido suas ideias aceitas e poderem expressá-las livremente.

Yu~ki: Eu achava que seria entediante se ficássemos presos demais num formato. Houve momentos em que eu mesmo fiz coisas que beiravam a linha entre o bom e ruim, mas era divertido testar os limites e pensar no que poderíamos fazer para chamar a atenção. No fim das contas, já era suficiente para mim se apenas uma parte do público entendesse o que estávamos fazendo e acredito que novas ideias foram surgindo justamente porque eu podia me expressar como queria.

— A ideia de você aparecer voando no show de estreia major da banda no Shibuya Koukaido foi sua mesmo?

Yu~ki: Sim. Eu era o responsável pelo lado teatral da banda, então trabalhei bastante na parte da produção do show.

— Mana, por mais livre para criar que fossem os integrantes da banda, não houve nenhum momento em que você, enquanto produtor geral da banda, parou um deles e disse que aquela não era uma ideia boa?

Mana: Não me lembro de ter dito pra nenhum deles algo assim.

— Nem mesmo um “você está exagerando”?

Mana: Pelo contrário, eu queria que eles exagerassem, por isso mesmo não estabeleci limites.

Kozi: Ao mesmo tempo em que pensávamos em como tornar as coisas mais interessantes, todos tentávamos não sair fora daquilo que concebíamos como sendo o MALICE MIZER. Mas certa vez, quando fui apresentar uma música nova que tinha feito, o Mana me disse: “eu não entendo as músicas que você faz”.

Mana: Acho que sei do que você está falando...

Kozi: Foi na nossa terceira fase. Eu tinha comprado um sampler e acabei me divertindo fazendo vários efeitos de sons. Lembra disso?

Mana: Lembro. Era a época que você estava apaixonado pelo sampler S600 da Akai. Foi na época do “Bara no Seidou”, então foi bem na última fase da banda. Eu acho que nunca disse para você algo do tipo até você ter começado a fazer música usando o sampler.

Kozi: Na época você pensou “olha as coisas loucas que esse cara tá usando”? (risos)

Mana: Não, eu achei incrível. Na época os equipamentos utilizados para inserir sons costumeiramente utilizavam áudios gravados no formato PCM e o resultado era um som mais ou menos parecido com o som real. Eu entendo que a sua vontade era de ter um som mais realístico utilizando o sampler.

Kozi: A música em si foi descartada, mas o som das cordas era muito bom.

Mana: Você ficou tão empolgado com o sampler que colocou sons demais na música.

Kozi: Faz tempos que eu não escuto essa música, mas se escutasse hoje em dia acho que eu mesmo pensaria “que raios é isso?” (risos).

Mana: Depois disso até eu comprei um sampler, mas o Kozi foi bem mais rápido nesse sentido do que eu.

— O Kozi sempre me pareceu o tipo de pessoa que gosta de coisas novas.

Yu~ki: E gosta mesmo.

Kozi: Ao contrário do Mana-chan. Ele passou um bom tempo se recusando a utilizar aparelhos da Mac.

Mana: Provavelmente de todos os membros sou o que menos tem tempo de uso de Mac.

— Isso foi inesperado. O Mana sempre pareceu uma pessoa tão curiosa, imaginava que fosse do tipo que tenta várias coisas.

Kozi: Ele diz que passou a usar sequenciadores para fazer músicas depois de um tempo, mas a verdade é que ele também demorou até comprar um sequenciador.

Mana: O Kozi na época do MALICE MIZER já usava computadores. Eu, por outro lado, até metade do Moi dix Mois, ainda estava insistentemente editando músicas no meu (sequenciador) Yamaha Q700 (risos).

Yu~ki: O Kozi também foi o primeiro a começar a usar o Photoshop para editar fotos. Graças a ele, eu também passei a usar o Photoshop para criar imagens para a revista do nosso fã clube.

Mana: Mesmo que o Kozi e o Yu~ki-chan editassem fotos digitalmente para colocar na nossa revista, eu não fazia ideia do que eles estavam modificando (risos).

— Voltando ao assunto anterior, o Kozi disse que os membros da banda “tentavam não sair fora daquilo que concebiam como sendo o MALICE MIZER”. Mas no caso do MALICE MIZER, vocês não tinham um conceito amplo demais?  Só o fato de vocês não tocarem e dançarem em algumas músicas, já é um caminho bem inusitado para uma banda. Existia algo que vocês sempre tentavam preservar como MALICE MIZER?

Yu~ki: Na época o nosso conceito era de fazer apresentações que pudessem ser vistas como se fossem uma cena de um filme. Desde o começo nós tínhamos um apego muito forte à questão de “mostrar”. Por outro lado, nós não tínhamos restrições quanto ao tipo de música que fazíamos. Apesar da base das músicas serem os elementos clássicos, nós também fizemos músicas com sons da bossa nova e do pop francês. Musicalmente, tudo era possível.

Kozi: Éramos bem flexíveis.

Yu~ki: O Kozi em particular sempre trazia ideias novas. Mas imagino que talvez o motivo pelo qual não tivemos discordâncias quanto ao que fazer é que bem lá no fundo, todos os membros tinham gostos mais ou menos parecidos.

— Na entrevista anterior com o Mana, ele comentou que no começo da banda vocês eram bastante desprezados pelo público das casas de shows e pelas bandas que tocavam no mesmo dia que vocês. Mesmo recebendo esse tipo de reação, vocês não se incomodavam?

Yu~ki: Eu não sou o tipo de pessoa que se deixa influenciar pelos outros, por bem ou por mal. Eu sou reconhecido popularmente como o baixista do MALICE MIZER, mas na verdade eu nunca toquei baixo só porque eu queria tocar esse instrumento. Para mim o baixo era apenas uma ferramenta que eu usava para me expressar e uma das formas que eu encontrei de fazer aquilo que eu queria. Essa era a nossa forma de pensar, então houve muitos que criticaram nosso posicionamento. Mas eu particularmente nunca liguei para isso.

— Por sinal, o que te levou a começar a tocar baixo?

Yu~ki: Quando eu era estudante, conheci por acaso uma banda que estava procurando um baixista e comecei a tocar a partir daí.

— Você queria fazer parte de uma banda e a banda que você encontrou precisava de um baixista, foi isso?

Yu~ki: Não, eu não estava pensando em entrar numa banda. Mas eu tinha um grande amigo nessa banda que me convidou para participar. Mais do que isso, o que eu gostava mesmo era de desenhar. Eu sempre gostei de poder me expressar através das minhas criações. A banda e o baixo para mim eram só mais uma maneira de me expressar. Por esse motivo, quando eu fazia minha maquiagem no MALICE MIZER, eu sempre pensava no meu rosto como uma tela e usava-o para expressar aquilo que eu queria. Mas realmente, no começo das nossas apresentações, o público sempre nos assistia sem esboçar reação.

Kozi: Desde o começo nós fazíamos apresentações teatrais, mas não havia ninguém que se empolgasse com o que estávamos fazendo.

Yu~ki: A única coisa que tinha bastante era o flash das câmeras.

Kozi: Era o flash da QuickSnap (câmera descartável da Fujifilm).

Mana: Na nossa fase indies, nós permitimos que a plateia tirasse fotos durante o show. Ficava tão ofuscante que parecia que os flashes também faziam parte nossa apresentação.

— Apesar do clima geral da plateia ser de desgosto, muitos tiravam fotos porque era algo inusitado?

Mana: Eu imagino que sim.

— Kozi, você não ficava incomodado com a opinião do público ao seu redor?

Kozi: Pelo contrário, eu queria mesmo é que eles ficassem chocados com as nossas apresentações. O fato de eles terem uma opinião negativa mostrava que estávamos causando impacto, seja por bem ou por mal. Para mim era melhor receber diversas críticas do que ser ignorado. Eu me lembro da onda de risadas que tomou conta do público quando eu apareci no palco pela primeira vez usando a “cabeça de morango”... (risos)

Mana: Eu também me lembro desse dia. Uma peruca vermelha que brilha não é exatamente o tipo de acessório que um membro de uma banda comum usaria.

Kozi: A ideia era fazer um esquete. Mas confesso que até eu fiquei incomodado nesse dia (risos). Eu ouvi as risadas e notei as expressões de deboche no rosto do público. Mas foi esse tipo de experiência que nos ajudou a chegar até aqui!

— Pensando por esse lado, os membros do MALICE MIZER eram todos fortes emocionalmente, não é? Os jovens de hoje em dia se recebem qualquer tipo de crítica já ficam bastante abalados.

Kozi: Basicamente, nós três somos masoquistas. Não é questão de ter se tornado forte porque apanhou, mas sim de gostar de apanhar?

Mana: Não é bem assim...

Kozi: Ah, você não acha? (risos)

— Vocês também ouviram “se a banda não diminuir com a maquiagem, não vai vender” e outras coisas da gravadora e de pessoas que trabalhavam com vocês na época da estreia major. Mas mesmo assim vocês rebateram as críticas falando que não fazia sentido continuar com a banda se não fosse daquele jeito. Para mim isso é ser forte mesmo apanhando!

Mana: Quando eu olho para trás eu vejo o quanto nós éramos difíceis de lidar. Por exemplo, nós sempre pedíamos estruturas e enfeites bem complicados para montar nosso palco. Acho que nós fizemos muitos pedidos absurdos para as pessoas da equipe de produção.

Kozi: Provavelmente hoje em dia nós não pediríamos as mesmas coisas que na época.

Mana: Agora eu já sei como funciona esse mundo por isso quando eu faço algum pedido eu já levo em consideração se é possível ou não. Mas na época eu não sabia de nada, então tudo era “eu quero que seja assim e pronto”.

Kozi: Nós éramos jovens.

Yu~ki: Mas isso é um dom que eu acredito que o Mana-chan tenha. Mesmo que ele estivesse fazendo um pedido absurdo, todos tentavam ao máximo fazer aquilo se concretizar, não para satisfazer um mimo dele, mas sim porque ele tem uma capacidade de argumentação incrível. O charme dele é fazer as pessoas pensarem “vamos acreditar no Mana-chan, eu quero ver o que ele vai fazer depois”. Foi por isso mesmo que tantas pessoas seguiam o MALICE MIZER, não?

Mana: ...Você fala umas coisas bonitas.

Kozi: Resumiu bem a história toda!

Yu~ki: Mesmo assim, houve vezes em que eu estava de lado observando e pensava “Ele vai mesmo
pedir isso? Não acredito!” (risos). Em vários momentos até eu não entendia porque era necessário refazer alguma coisa, então acredito que a nossa equipe sofreu (risos). Mas acho que o fato de estarmos sempre conversando entre nós sobre diversos assuntos foi também muito importante. Tivemos muitos problemas, mas também sempre tínhamos oportunidade de dizer o que estávamos pensando uns para os outros. Especialmente no começo da banda, nós sempre íamos para a casa do Mana-chan conversar sobre os mais variados assuntos.

Kozi: Enquanto comíamos curry rice.

Yu~ki: Seja saindo para comer churrasco japonês ou batendo papo dentro do carro dos instrumentos, nós conversávamos sempre onde quer que estivéssemos. É claro que houve momentos em que ficávamos abalados emocionalmente, mas construímos uma relação sólida por causa desses momentos juntos e por isso acho que todos os membros conseguiram se manter em equilíbrio.

— No boom do Visual Kei dos anos 90, as bandas tinham que se relacionar não apenas com as grandes agências de talento mas também com pessoas de diferentes ramos. Imagino que era raro uma banda que conseguisse ser totalmente independente em relação à sua produção, então o que vocês valorizavam na produção da banda na época?

Mana: Eu nunca quis que fôssemos uma banda que tivesse que ser empurrada pelos outros. Conseguimos avançar justamente porque nós mesmos fazíamos por conta própria tudo o que era possível de se fazer, então pudemos levar a banda adiante com os nossos esforços.

— O lado incrível do MALICE MIZER é que vocês podem dizer que conseguiriam construir aquele mundo com seu esforço próprio. Mas acho que poucos sabem que tudo isso só foi possível porque os membros da banda valorizavam a comunicação e estavam sempre trocando ideias uns com os outros.

Yu~ki: Nós realmente éramos muito próximos. Sempre saíamos para comer curry rice.

Kozi: Ou lámen, daqueles bem pesados.

Yu~ki: O Mana-chan não é o tipo de pessoa que convida os outros dizendo “vamos sair para comer?”. Ele chega e fala “vamos correr curry hoje?” então só dava para responder que sim (risos). Mas todos os restaurantes que ele indicava eram muito bons, então íamos sempre.

Mana: Na época eu não tinha o costume de trancar a porta de casa, então os membros entravam e saiam na hora que queriam. Também não existia celular naquele tempo, então do nada alguém aparecia na minha casa sem avisar. O KAMIJO (Versailles) também falou sobre isso no MC do “Deep Sanctuary VI”, mas os roadies também vinham bastante já que todos moravam a 5 minutos a pé da minha casa.

— No show o KAMIJO também comentou que morava numa casa que ficava atrás de onde você morava. Mas jamais imaginaria que você fosse tão descuidado a ponto de não trancar a porta da sua casa, Mana.

Mana: Quando penso nisso hoje eu vejo que eu era descuidado. Inclusive várias pessoas chegaram a morar de graça na minha casa.

Kozi: Algumas pessoas da nossa equipe também.

— Por isso você deixava tudo livre (risos). Mana, pela sua imagem é possível imaginar que você seja uma pessoa neurótica, mas na verdade você é uma pessoa bem aberta?

Mana: Não dá para imaginar algo assim nos dias de hoje, né? Os membros entravam e saiam quando queriam e ainda tinha gente morando de graça no meu quarto, então apesar de ser a minha casa eu não tinha nem um pouco de privacidade. E ainda por cima era uma quitinete não muito grande. Hoje eu me pergunto como eu conseguia viver daquele jeito.

Kozi: Quando alguém roncava não dava para dormir e o dono da casa ficava nos fundos do quarto sentado no chão segurando os joelhos. Parecia mais um dormitório de campo de concentração (risos).

— Nossa! (risos) Mas todos os roadies que participaram cantando as músicas no show do no “Deep Sanctuary VI” disseram que sua casa tinha um clima gótico!

Mana: Eu tinha algumas decorações em estilo europeu... E os acessórios que nós usávamos no palco eu deixava no meu quarto e tirava quando íamos fazer os shows. Por isso o quarto estava sempre uma bagunça.

— Então apesar do clima gótico e das decorações, era um estilo de vida que não tinha nada de elegante (risos).

Mana: Nem um pouco. As reuniões eram feita em volta do único kotatsu que tinha na casa.

*Nota de tradução: Kotatsu é uma mesa baixa com uma capa e um aquecedor embutido na parte de baixo. Os japoneses usam muito no inverno.

Yu~ki: Dava para chamar aquilo de kotatsu?

Mana: Ah... (risos)

Kozi: Era um daqueles kotatsu que dava para tirar a capa e usar como mesa comum, não?

Mana: Bom, eu pedi para a Ooba Yukari-san, a pessoa responsável pelas nossas roupas, para fazer uma capa de veludo para cobrir o kotatsu.

Kozi: Uma capa preta.

— Então os jovens membros da banda dormiam em volta desse kotatsu bonito, esparramados pelo chão como se fossem batatas.

Kozi: Não dava nem para chamar de quarto.

— O MALICE MIZER acabou se tornando uma espécie de lenda nos dias de hoje e acredito que não haja muitos fãs que saibam de episódios como esses ou de outras situações que vocês passaram na época. Quando vocês decidiram fazer o show de revival no “Deep Sanctuary VI”, havia alguma coisa que vocês decidiram que deveriam mostrar como MALICE MIZER?

Mana: Dessa vez nós decidimos que queríamos fazer algo o mais próximo possível de como nos apresentávamos na época da banda.

— Mais do que mostrar um novo lado, vocês queriam era fazer algo o mais próximo possível do original.

Yu~ki: O grande conceito por de trás do show foi “festival”. Por isso queríamos fazer uma apresentação que as pessoas que já conheciam a banda e também aquelas que nunca tinham visto o MALICE MIZER ao vivo antes pudessem curtir.

Mana: Isso ocorreu também porque eu senti vontade de reviver aquilo que o público desejava ver. Enquanto membro do Moi Dix Mois, eu sempre procurei me destacar como guitarrista, então toda vez que fazíamos o session de MALICE MIZER no “Deep Sanctuary”, o importante para mim era como tocar o instrumento.

— Por isso você nunca dançava.

Mana: Exato. Até então eu procurava recriar na guitarra os sons que na época do MALICE MIZER eram pré-gravados e eu não tocava ao vivo, então ao invés de me focar no aspecto de apresentação, eu me foquei no aspecto musical. Mas dessa vez eu decidi que queria me focar em recriar a apresentação de palco que as pessoas já assistiram em vídeo tantas vezes.

— Então vocês assistiram as performances antigas do MALICE MIZER para fazer esse show?

Mana: Eu me lembrava da parte das chicoteadas. Mas quando pensei que teria que fazer isso de novo, senti certo desconforto...

— Desconforto?

Mana: Durante as apresentações, eu tenho que me envolver bastante com os vocalistas, certo? Por exemplo, em “ILUMINATI” há uma parte em que eu passo a mão no corpo do vocalista e em “Madrigal” há uma parte em que sou abraçado. Quando eu pensei que teria que recriar essas apresentações com os roadies daquela época, fiquei um pouco desconfortável... (risos)

— Então você sentiu vergonha de fazer esse tipo de apresentação com pessoas diferentes daquelas com as quais você já tinha feito isso antes (risos). Mas para quem estava assistindo o show, o clima era o mesmo de antes.

Kozi: Honestamente, eu já não me lembrava mais de como tocar as músicas (risos).

Yu~ki: Sim, esquecemos completamente. Para chegar num estilo próximo do da época, eu tive que escutar meu baixo e ficar copiando o som.

— Vocês não tinham deixado partituras ou algo assim?

Mana: Na verdade desde o começo nós só fizemos tablaturas das músicas e não tínhamos partituras. Por isso tivemos que recriar as músicas através do ouvido. Mas no MALICE MIZER há muitas passagens de guitarra que ignoram a posição dos dedos, então eu fiquei com vontade de voltar no tempo e me perguntar por que eu tinha feito certas quebras de ritmo. Por exemplo, às vezes a guitarra está indo em direção a um ponto forte da melodia e, do nada, o tom da guitarra simplesmente se abaixa. Só tem passagens musicais sem sentido. Mas mesmo assim, eu me esforcei para recriar as músicas o mais próximo possível do original, sem modificar para que ficassem mais fáceis de tocar.

— Por falar em recriar, o Sakura (ZIGZO, gibkiy gibkiy gibkiy, Rayflower) estava idêntico ao Kami...

Kozi: Parecia mesmo que ele estava possuído.

Yu~ki: Na hora do ensaio eu fiquei espantado. Eu tinha entrado no estúdio e vi alguém se alongando no meio da sala. Essa pessoa estava com extensões cor de laranja no cabelo e, do mesmo jeito que o Kami sempre fazia, usava um boné virado para trás. Era o Sakura-kun.

Kozi: Como ele estava virado, não deu para ver o rosto logo de cara. Olhando só de costas, nós pensamos “O quê? Não é o Kami ali?”.

Yu~ki: No dia desse ensaio eu devo ter olhado umas cem vezes para o Sakura-kun. Toda vez que ele tocava a bateria, o cabelo dele balançava sutilmente. O Kami quando tocava era igual... Nesse dia eu fiquei muito impressionado.

— A aparência, o jeito de tocar e até o modo de agir, tudo era idêntico ao Kami. O Sakura deve ter passado muito tempo pesquisando antes de se apresentar nesse show.

Mana: Eu imagino que sim. Nós não fizemos nenhum pedido em relação à forma como ele deveria se apresentar. O Sakura-kun nós deu várias ideias e, inclusive, pediu para que posicionássemos o microfone para fazer segunda voz do mesmo jeito que o Kami fazia.

— O microfone fica num suporte móvel e na hora de cantar, o microfone é movimentado até ficar bem próximo à boca. Isso também era um estilo próprio do Kami, não era?

Mana: Eu não achava que ele ia querer fazer até mesmo isso. Mesmo sobre pintar o cabelo de laranja, nós não conversamos nada sobre isso. Por isso na hora do ensaio eu também levei um choque. No Moi dix Mois eu faço a guitarra solo, mas no MALICE MIZER eu fazia a guitarra base e, no posicionamento de palco, atrás de mim ficavam o Yu~ki e o Kami. Nessa posição sempre dava para ver os dois bastante, então quando recriamos o posicionamento durante o ensaio parece que um filme passou na minha cabeça e eu me lembrei de muitas coisas. Me senti como se tivesse voltado 20 anos. E o Sakura estava tão parecido com o Kami que eu fiquei até confuso.

Kozi: Ele também posicionou e afinou a bateria do mesmo jeito que o Kami fazia.

Mana: Sim, porque nós usamos a bateria original do Kami.

— Vocês foram juntamente com o Sakura até Ibaraki, terra natal do Kami, buscar a bateria roxa dele, não foi?

Kozi: Sim, nós fomos pegar emprestada a bateria do Kami na escola onde ele estudou em Ibaraki, que é o local onde a bateria dele fica exposta.

— Eu li a entrevista que o Sakura deu para a Pearl (marca da bateria) no site deles. Fiquei muito surpreso que ele ainda se lembrava com detalhes de vários momentos com o Kami...

Yu~ki: Nós também. Nós não sabíamos de nada das coisas que o Sakura-kun falou sobre o Kami no MC durante o show. Eu não imaginava que os dois tivessem tido uma relação tão profunda de mestre e aluno e tampouco posso medir o tamanho dos sentimentos dele ao treinar a parte do Kami para o show. Mas fiquei muito grato por ele colaborar conosco e graças a ele pudemos nos apresentar da melhor forma possível.

Kozi: O amor do Sakura-kun pelo Kami é realmente incrível. No dia do show, ele disse “hoje eu vim aqui para emprestar o meu corpo ao Kami”. E realmente parece que ele praticou para o dia com isso em mente. Publicar o artigo no site da Pearl e também produzir as baquetas do Kami para vender no dia foram ideias do Sakura-kun. E não apenas ele deu as ideias como também trabalhou para que elas se tornassem realidade.

Nota de tradução: A entrevista no site da Pearl pode ser encontrada aqui: https://www.pearlgakki.com/_blog/?p=49341

— Da mesma forma que o Yu~ki disse mais cedo, o MALICE MIZER não é só de vocês, mas sim de todos aqueles que apoiaram a banda. Agora que os dois shows já terminaram, vocês tem algum plano sobre o que fazer com a banda daqui em diante?

Mana: Nesse momento nós fizemos tudo aquilo que nós poderíamos ter feito.

— Não há nada que vocês queriam ter feito ou do qual vocês se arrependam?

Yu~ki: Como antigo produtor de palco da banda, eu queria ter mostrado mais do mundo único do MALICE MIZER para as pessoas. E eu queria ter voado (risos).

Kozi: Sair do palco voando e agradecendo todo mundo (risos).

Yu~ki: Mas o tema dessa vez era festival, então a ideia era que os roadies cantassem e que nós pudéssemos nos divertir tocando as músicas antigas da banda.

— Eu também fiquei surpreso que o Kozi e Yu~ki participaram dos MCs. Antigamente, os integrantes que não eram vocalistas não falavam muito quando estavam no palco.

Yu~ki: Foi bem complicado para mim, mas já que era um festival... (risos)

Kozi: Foi bem difícil! Nós dois nos esforçamos pra conseguir falar (risos)!

Yu~ki: Os roadies apesar de estarem numa posição diferenciada também falaram bastante, eu acho.

Kozi: Eles preparam vários tópicos para conversar, né. Mas fiquei pensando que eles só contaram episódios bons do Mana-chan e do Yuki-chan. Em compensação, só meteram o pau em mim e eu não tive nem uma história boa (risos).

Mana: Deu para ouvir várias histórias que só os roadies sabiam, então eu gostei. A gente não tinha combinado sobre o que conversar antes do show.

— No segundo dia, os roadies falaram sobre situações que não haviam falado no primeiro dia. Então vocês não tinham ideia do que os roadies iam falar nos MCs?

Mana: Sim. Por isso várias coisas eu só descobri ouvindo os roadies falar no dia, então teve muitos momentos em que eu também fiquei surpreso.

Kozi: Eu acho que eu fiz muitas coisas boas também que não foram comentadas...

Yu~ki: Você está passando vergonha já (risos).

— Mas eu achei que as histórias que contaram sobre o Kozi pregando peças nos outros foram bem engraçadas (risos). Enfim, o “Deep Sanctuary VI” foi um sucesso e vocês decidiram lançar o DVD do show no dia do falecimento do Kami.

Mana: O show do segundo dia está praticamente sem cortes. Na realidade, nós só fizemos gravações do show no segundo dia. Originalmente eu não planejava gravar o show, então no primeiro dia nós não tínhamos feito espaço no palco para que as câmeras pudessem gravar. De fato, eu nem mesmo queria fazer o show em dois dias.

— Por que motivo?

Mana: Eu queria que o show fosse uma lenda de um só dia. Quando se faz um show em dois dias, no segundo dia as pessoas já sabem o que aconteceu no primeiro. Por esse e outros motivos, eu tinha uma grande vontade de fazer desse show uma comemoração única e impactante dos 25 anos da banda. Mas escutei que muitas pessoas não conseguiram o ingresso na loteria, então decidi fazer um segundo dia de show. No fim das contas, eu achei bom ter dois dias, já que muitas pessoas puderam vir de longe nos ver.

— Houve gente até do exterior que veio assistir ao show. Teve alguma coisa que mudou na produção quando você decidiu fazer o show em dois dias?

Mana: A princípio, a gente não ia tocar “ma chérie”.

— Vocês decidiram encerrar o show com essa música.

Mana: Na realidade eu queria terminar o show com “au revoir” que tocou antes de “ma chérie”. Foi graças à emoção que eu senti ao escutar os fãs cantando “au revoir” dois anos atrás que eu decidi fazer esse show e, por isso, eu pensava que o melhor seria se o show terminasse com essa música. No começo, eu também planejava tocar “au revoir” incluindo os vocais.

— No fim das contas, vocês tocaram apenas o instrumental de “au revoir”.

Mana: No dia em que eu estava no estúdio com o Kozi e o Sakura-kun, nós estávamos conferindo a sequência e checando se não havia problemas música por música enquanto tocávamos juntos. Na hora de tocarmos “au revoir”, não senti que a música precisava de vocais e decidi de última hora que ia ser uma versão instrumental. Teve várias outras coisas que nós decidimos na hora do ensaio também.

— Por exemplo?

Mana: Na hora do “au revoir”, colocamos na tela ao fundo cenas do show no Yokohama Arena, certo? Aquilo também originalmente não estava planejado. No dia do ensaio, quando eu vi o Kozi e o Sakura-kun tocando a música juntos, eu tive um sentimento forte que eu queria conectar o Kami a “au revoir”, já que para nós é uma música tão importante. Eu tive a ideia de fazer com que o vídeo do Kami tocando no Yokohama Arena combinasse perfeitamente com a música sendo tocada ao vivo. Como resultado, acabei causando uma grande confusão para o pessoal da produção...

— Porque você decidiu de última hora.

Mana: Para fazer o som ao vivo combinar com a imagem do vídeo, o tempo que nós havíamos combinado previamente teria que mudar. E com isso, o time responsável pela sequência ficou “isso é sério?”...

— Foi um revival dos seus tempos de jovem (risos).

Mana: O meu antigo hábito apareceu novamente, né? (sorriso forçado) Mas no final o resultado ficou muito bom e eu gostei de termos conseguido fazer a performance daquele jeito.

Yu~ki: Quando eu analiso situações como essa é que eu vejo novamente o quanto o MALICE MIZER só pode existir por causa do apoio de muitas pessoas. Graças ao apoio e sentimento de todos é que no dia do show, “MALICE MIZER” foi a palavra mais procurada no buscador do Yahoo. Quem diria que uma coisa dessas iria acontecer em pleno 2018.

Kozi: E também aparecer numa capa como agora!

— Vocês fizeram o mundo prestar atenção em vocês novamente.

Yu~ki: Como eu disse anteriormente, tinha coisas que eu pessoalmente gostaria de ter feito no show. Mas como eu recebi muitos comentários do tipo “foi a primeira vez que eu pude ver o MALICE MIZER”, eu fiquei feliz em poder apresentar a banda para as pessoas, seja do modo como for. Não sei se foi a melhor apresentação que o MALICE MIZER já fez, mas nas condições em que estávamos nós demos tudo o que tínhamos, então estou grato de verdade por essa oportunidade.

— O que você pretende fazer de agora em diante, Yu~ki?

Yu~ki: A necessidade de me expressar continua forte em mim. Na época da banda eu transformava isso em música, mas agora não faço questão de que seja esse o meio...

Kozi: O Yu~ki-chan agora faz trabalhos de arte. Na casa dele tem várias peças enormes que ele criou.

— Você planeja fazer uma exposição algum dia?

Yu~ki: No futuro eu gostaria de ter a oportunidade de mostrar meu trabalho para o público, mas no momento eu não estou criando nada para poder mostrar para outros. As minhas peças são uma forma de autoanálise e crio apenas para dar vazão às minhas emoções. Quanto mais você vive, mais você se torna capaz de fazer certas coisas. Hoje em dia eu consigo ligar os pontos e entender muitas coisas que antes não conseguia. Por isso nesse momento da minha vida, eu quero fazer arte apenas para dar forma a esses sentimentos.

— Aguardo ansiosamente pelo dia em que poderemos ver seu trabalho como artista plástico. E você, Kozi, quais são seus sentimentos sobre o dia do show e o que você pretende fazer de agora em diante?

Kozi: Fiquei muito feliz de ter tocado no dia e para mim foi um ótimo show. Conseguimos usar a bateria do Kami e sinto que essa apresentação foi um grande marco para nós. Se tivermos outro show, provavelmente vai ser no aniversário de 30 anos da banda, imagino (risos).

— A começar pelo ZIZ, você está envolvido em várias atividades musicais, não é?

Kozi: Eu não tenho nenhum plano sobre o que fazer daqui em diante. Quer dizer, não é que eu não tenha ideias, mas... Como há várias atividades que eu faço ao mesmo tempo, eu apenas quero prosseguir e me divertir com cada uma delas do jeito que for.

— Você faz muitas atividades diferentes, mas todas elas são relacionadas com música.

Kozi: Nesse momento sim. Eu tenho interesse em fazer arte como o Yu~ki-chan, mas no meu caso, meu interesse morre assim que eu compro os materiais necessários. Eu sou do tipo que compra tudo que precisa e na hora de pôr a mão na massa, não faço nada (risos). Mas, se eu continuo fazendo música hoje é porque eu tive o apoio das pessoas que gostavam de MALICE MIZER e de novos fãs, por isso sou muito grato a todos.  Pretendo continuar nesse caminho tomando cuidado com a minha saúde em primeiro lugar.

— Você toca música nos mais variados estilos, então você é uma pessoa bem versátil, não?
Kozi: Acho que estou mais para desastrado. Comecei a tocar e quando percebi, já estava abarrotado de coisas para fazer.

— Você gostar de estar sempre ocupado?

 Kozi: Não, eu queria poder descansar mais. Mas eu sou masoquista então talvez desse jeito seja o melhor para mim (risos).

— E quanto a você, Mana?

Mana: Acredito que fizemos tudo que deveríamos ter feito no aniversário de 25 anos. Certamente o fato de termos podido usar a bateria do Kami pesou muito. Além disso, o último show em que o Kami participou foi um show para membros do fã clube. Como essa foi a última apresentação dele, o sentimento de querer ver mais do Kami como músico acabou permanecendo em mim. Poder fazer o show com o som do Kami foi muito importante e crucial para o sucesso do mesmo, além de ter me ajudado a processar muitas coisas internamente.

— No seu caso, o seu projeto solo, o Moi dix Mois, já completou mais anos em atividade do que o MALICE MIZER. O que você pretende fazer de agora em diante?

Mana: Nossa, é mesmo? ... Ah, realmente faz muito tempo. Eu não tinha parado para prestar atenção (risos). A grande diferença do Moi Dix Mois para o MALICE MIZER, é que agora eu estou no palco apenas como guitarrista. Hoje quando toco ao vivo, volta e meia eu me deparo com algum som que me agrada, enquanto no MALICE MIZER eu não tinha muitos momentos em que me divertia tocando guitarra. Ao invés disso, eu usava a guitarra como forma de expressar aquele mundo que estávamos criando.

— Agora que você é guitarrista do Moi Dix Mois, quando você subiu ao palco novamente como membro do MALICE MIZER, você sentiu alguma coisa claramente diferente do que sentia na época em que a banda era ativa?

Mana: Há muitas músicas no MALICE MIZER em que eu não toco guitarra, pois são músicas performáticas. Como é diferente do Moi dix Mois, achei divertido fazer uma apresentação de palco voltada para o lado performático depois de tanto tempo. E, ao mesmo tempo, pensei em quantas músicas forçadas eu criei para conseguir montar a visão do mundo do MALICE MIZER. Hoje em dia eu não faria esse tipo de música... Quer dizer, faria sim, mas eu iria pensar um pouco mais (risos). Na verdade, eu optei por não estudar teoria musical e por isso até hoje eu não entendo sobre esse assunto, mas eu já venho fazendo música há muitos anos. Por isso eu entendo sobre música de uma maneira orgânica. Na época do MALICE MIZER eu ainda estava desenvolvendo minhas habilidades, por isso compunha de um jeito bem livre. Mas talvez tenha sido isso que fez surgir o lado bom do MALICE MIZER.

— Não existiria vocês hoje se não fossem por aquela época.

Mana: Claro. Por isso achei bom ter conseguido fazer agora um show como MALICE MIZER no “Deep Sanctuary VI”. Muitos fãs me disseram “eu jamais imaginaria que conseguiria ver o MALICE MIZER em 2018” e muitas pessoas ficaram emocionadas de poder nos ver novamente. Quando eu soube dessa reação, eu também fiquei muito feliz.

Kozi: Resumindo, nós só podemos agradecer por tudo.

Yu~ki: Para a sessão de fotos desse “ROCK AND READ” nós estamos usando as roupas que fizemos para o “Deep Sanctuary VI” e eu nunca imaginaria que teríamos a chance de fazer um ensaio fotográfico com essas roupas novamente. E ainda aparecer na capa da revista. Essas roupas foram feitas pela Ooba-san depois de discutirmos vários detalhes, por isso fico muito feliz de poder deixá-las registradas dessa forma. Sobre essa nossa apresentação em particular, foi graças aos nossos membros, incluindo os músicos suportes, que nós conseguimos fazer um show espetacular. Acredito que muitos imaginam o show do MALICE MIZER como um mundo construído com base em um tema grandioso. Para mim, eu sinto em algum lugar que nós não estamos ainda no ponto em que deveríamos estar. Como um dos responsáveis pela produção de palco, espero que algum dia nós tenhamos outra chance de mostrar para o mundo um show ainda mais elaborado.



* FIM DA PRIMEIRA PARTE *

Amazon.com: ROCK AND READ 083 (9784401771769): Books

Mana (Moi dix Mois) e Kiryuin Sho (Golden Bomber)
“Onde eu encontro alguma música que seja parecida com a do MALICE MIZER? – Kiryuin / Eu queria criar um tipo de música que não tinha no mundo, então ficaria surpreso se houvesse algo parecido. – Mana”

— É a primeira vez que vocês dois se encontram pessoalmente, não?

Mana: Sim, é a primeira vez.

— Kiryuin, você finalmente está cara a cara com uma das pessoas que você sempre admirou.

Kiryuin: S-sim, é verdade...

— Já percebi que você está bastante nervoso (risos). Mana, você sabia que o Kiryuin tem como uma de suas influências o MALICE MIZER?

Mana: Sim, eu li o que ele escreveu no último “ROCK AND READ” em que aparecemos (risos).

Kiryuin: Obrigado. A banda que me fez ter interesse em música originalmente foi o MALICE MIZER.

— Você conheceu a banda quando você tinha 13 anos, correto?

Kiryuin: Eu tinha 13 anos e era mês de fevereiro. Eu estava na sala de estar assistindo “Sokubo! Uta no Daijiten” (programa de música) e teve uma performance do MALICE MIZER apresentando “Gekka no Yasoukyoku”. Fiquei muito impactado com aquilo e no dia seguinte fui à loja de CDs para comprar o disco. Até então eu era do tipo que só escutava musica casualmente e minha percepção musical mudou drasticamente depois de conhecer a banda.

Mana: Fico muito feliz de ouvir essa história.

Kiryuin: Foi como se eu tivesse sido acertado por um raio. Depois disso eu fiquei totalmente encantado por música e comecei a pesquisar sobre. Obviamente, eu também passei a escutar todas as músicas do MALICE MIZER freneticamente. Eu li a entrevista da banda no “Itan Shinmon” e saí numa viagem em busca às raízes da banda, fiquei interessado em música clássica e passei a ouvir Bach.

Nota de tradução: “Itan Shinmon” foi um livro com entrevista e fotos publicado pelo MALICE MIZER em fevereiro de 1998.

— Resumindo a história, o Mana havia citado nomes de grandes compositores de música clássica nessa entrevista e você passou a ouvi-los um por um. Dentre eles, você acabou gostando de Bach e também começou a se interessar em fazer suas próprias músicas, correto?

Kiryuin: Sim. Foi isso que aconteceu.

— Ou seja, foi o MALICE MIZER que te fez ter interesse em música e também em fazer música.

Kiryuin: Sim, é verdade.

Mana: Que incrível. Fico feliz.

— Falando um pouquinho mais, você primeiro começou a tocar guitarra, não?

Kiryuin: Sim. O primeiro livro de partituras para bandas que eu comprei foi o de “merveilles”. Comprei uma guitarra elétrica e o livro de partituras, mas quando fui tentar tocar as músicas... Ops, percebi que não deveria ter sido aquela a minha primeira compra. Não tinha quase nenhum power chord ou algo parecido no livro de partituras.

Mana: Ah, não tem mesmo. As guitarras têm muitas notas simples.

Kiryuin: Mas mesmo assim eu tentei adaptar ao máximo que pude e pesquisei bastante para poder tocar.

Mana: Nossa, fico feliz. Não imaginava que tivéssemos lhe influenciado assim.

— E qual é a impressão que você, Mana, tem do Golden Bomber?

Mana: Impressão? Bem, tem um certo clipe que parecia muito com MALICE...

Kiryuin: S-sim...

Mana: Eu assisti esse clipe (risos).

— É o videoclipe de “Yokubou no Uta” do Golden Bomber, não é?

Kiryuin: Nós usamos o MALICE MIZER como referência.

— Mana, quando esse clipe saiu, lembro que um fã lhe perguntou o que você tinha achado dele e você respondeu com “precisa de um pouco mais de esforço (risos)”.

Mana: Ah, foi sim.

— Queremos saber o que você quis dizer de verdade com isso (risos).

Mana: Eu acho que o clipe foi muito bem pensado em vários aspectos.

— Então o “precisa de um pouco mais de esforço” foram palavras de incentivo?

Mana: Foram palavras de incentivo juntamente com um empurrão porque houve partes que talvez pudessem ter sido mais trabalhadas.

Kiryuin: Obrigado!

— Por sinal, por que vocês decidiram fazer o clipe de “Yokubou no Uta” daquele jeito? Bom, podemos dizer que o clipe é uma paródia na qual vocês fazem cosplay de várias pessoas que vocês admiram, incluindo o MALICE MIZER.

Kiryuin: Na verdade, eu acho que dá para perceber quando a pessoa está parodiando porque realmente gosta daquilo ou está fazendo só por fazer. Por isso achei que mesmo fazendo o clipe daquele jeito, as pessoas que assistiriam não ficaram desconfortáveis.

Mana: Eu não fiquei desconfortável assistindo. Pelo contrário, só comentei sobre o assunto porque achei interessante o clipe.

Kiryuin: Obrigado!

— Além disso, vocês apareceram no “Music Station” com aquelas roupas.

Kiryuin: Era época de Halloween, então aquela edição do programa tinha isso como tema. Eu cheguei a comentar na gravação que aquilo eram roupas de Visual Kei dos anos 90, mas como era de se esperar, os fãs logo perceberam que era MALICE MIZER. Eu fiquei muito feliz quando descobri que nesse dia, MALICE MIZER entrou nos assuntos do momento no Twitter. Conseguir colocar MALICE MIZER em evidência no Twitter nos dias de hoje foi incrível.

— Você não chegou a assistir a esse programa, Mana?

Mana: Sim.

— O quê, então você assistiu?

Mana: Eu vi fotos. A guitarra era uma Strato branca, não?

Kiryuin: Ah, a gente não chegou a copiar os instrumentos... Desculpe.

Mana: Se vocês tivessem usado uma jeune fille (guitarra modelo do Mana) teria ficado perfeito, já que eu não uso Strato. Mas acho que com essa guitarra deu para entender que era um cosplay meu.

Kiryuin: É mesmo!

Mana: Eu fiquei pensando que se vocês tivessem usado uma jeune fille ia ficar engraçado. Se vocês forem fazer algo assim novamente, eu lhe empresto a minha guitarra.

Kiryuin: Ah, não precisa disso!

Mana: Além disso, acho que foi com essa guitarra vocês gravaram o clipe e fizeram a maquiagem com pancake branco, usando a roupa de “Bel Air”.

Kiryuin: Ah, foi isso mesmo!

Mana: Na verdade eu não uso pancake branco em “Bel Air”. Na época da banda havia muitas pessoas que faziam cosplay e todos que faziam cosplay de mim usavam pancake branco. Mas na maior parte do tempo eu estava usando base de rosto. Eu só me lembro de usar pancake branco em “Kyoumu no Naka de no Yuugi” e em “Le ciel”? No resto dos clipes eu usei bastante base de rosto. Eu lembro que desde aquela época eu me perguntava por que os meus cosplayers sempre pintavam o rosto de branco. Mas o Kozi e o Yu~ki-chan sempre usavam pancake branco. Os dois sempre foram consistentes em relação a isso, então acho que eu acabei entrando sem querer no grupo do pancake branco (risos).

Kiryuin: Entendo...

Mana: Ah, mas tudo bem. Eu só acho engraçado como essa imagem que as pessoas tinham de mim foi ganhando tamanha proporção. Eu só quis dar uma dica, mas acho que as pessoas são livres para interpretarem da forma como quiserem.

Kiryuin: Você realmente é bem mente aberta. Mas para falar verdade, alguns aspectos eu realmente decidi modificar de propósito. Por exemplo, para o meu cabelo eu tive como referência o KAMIJO-san na época do LAREINE. Se eu fizesse tudo perfeito, com certeza seria acusado de plágio (risos). A ideia era mesmo só fazer uma homenagem a essa cultura do Visual Kei (risos). Mas fico feliz pelas dicas. Jamais imaginaria que receberia dicas de você um dia. Eu tenho vontade de brigar com a pessoa que eu era no passado. Deveria ter feito as coisas de forma mais séria. Vou me esforçar.

— Você sente um pouco de MALICE nas músicas do Golden Bomber?

Mana: Não...

Kiryuin: Difícil... Eu não conseguiria criar aquela atmosfera que o MALICE MIZER tinha. Apesar de ser uma das influências...

— Na sua época do colegial, você chegou a montar uma banda cover, não foi?
Kiryuin: Sim. Mas todos os membros saíram da banda (risos).

— De acordo com a sua autobiografia, as músicas do MALICE MIZER eram muito difíceis então os membros iam desistindo um após o outro (risos). Mas você queria fazer músicas como as do MALICE MIZER e foi aí que você descobriu que poderia usar programas de edição.

Kiryuin: Sim. Quando eu descobri o DTM, eu percebi que poderia fazer sozinho vários sons e combinações de instrumentos.  Então me esforcei para reproduzir as músicas. Além disso, minha influência foi o MALICE MIZER e como eu cresci escutando a banda, não costumo escutar músicas que sejam feitas só com guitarra, baixo, bateria e vocal.

Nota de tradução: DTM (abreviatura de desktop music) é um termo japonês para musica computacional, ou seja, música feita com programas de computador.

— Em outras palavras, você não escuta muito rock tradicional.

Kiryuin: De uma maneira ou outra, eu não me sinto bem quando não tem sons de sintetizador ou teclado numa música, então nas minhas próprias composições eu coloco vários sons do sintetizador. Sinto que está faltando alguma coisa quando é uma combinação de instrumentos como numa banda de punk rock.

— Então não é possível perceber de forma clara a influência que você sofreu do MALICE MIZER, mas ela está lá em aspectos mais básicos.

Kiryuin: Sim. Fui influenciado pela banda. Também fiquei muito encorajado quando li o livro de entrevista da banda. Eles comentaram na entrevista que houve momentos no começo da banda que as casas de show acendiam a luz da plateia enquanto eles ainda estavam no palco se apresentando.

Mana: Houve mesmo. Quando nós ainda éramos uma banda indies, nossas performances tinham muitos elementos de teatro. Mas nós costumávamos nos apresentar em casas de show comuns onde só tocavam bandas de rock. Então, como não havia outras bandas que faziam apresentações teatrais desse modo, os funcionários das casas de show não entendiam o que estávamos fazendo e acendiam a luz da plateia achando que já tínhamos terminado de nos apresentar (risos). Mas nós ainda estávamos no meio de uma encenação (risos). Houve muitos momentos assim.

— O Golden Bomber também passou por coisas parecidas, não? E foram criticados também.

Kiryuin: Mas para a gente era óbvio que iríamos ser criticados e oprimidos. Já esperávamos essa reação. Por sinal, na entrevista do MALICE MIZER que eu li, eles falaram que na época que se apresentavam em casas de shows, havia pessoas que ficavam rindo da banda no fundo da plateia, mas que eles consideravam que rir também era uma forma de expressar surpresa e, portanto, não era algo ruim.  Se até o MALICE MIZER passou por isso no início da banda, eu achava que mesmo que fôssemos criticados, um dia as pessoas nos entenderiam. Penso que só cheguei a essa conclusão porque li o “Itan Shimon” quando ainda era estudante no final do meu ensino fundamental.

Mana: Faz sentido (impressionado).

— Em quais aspectos do MALICE MIZER você se inspira na hora de compor músicas?

Kiryuin: Definitivamente eu busco não usar acordes e melodias que já sejam batidas. Eu não acho que exista alguma música do MALICE MIZER que tenha uma melodia comum. As melodias e acordes peculiares da banda me impactaram. Por exemplo, pegue a música “Do-Ré-Mi” da Noviça Rebelde. Aquela é uma música que você pode tocar toda só com as teclas brancas do teclado. Mas não existe música do MALICE MIZER que dê para você tocar desse jeito.

Mana: Ah, realmente, não existe quase nenhuma música do MALICE MIZER que você pode tocar só com as teclas brancas. Sempre colocávamos muitas notas que precisam ser tocadas com as teclas pretas.

Kiryuin: Esse é o tipo de coisa que eu me esforço para tentar fazer nas minhas músicas.

Mana: Eu usava muito as teclas pretas porque eu gosto do som delas. Na linguagem musical chamam isso de “acordes de sétima”, mas na realidade eu nem sabia o que era isso, já que fazia música de forma instintiva. Soube depois que nas músicas da banda também há muitos “acordes diminutos” e outras coisas complicadas (risos).

Kiryuin: Sim, há muitos acordes diminutos nas músicas do MALICE MIZER.

Mana: Eu não sabia de nada disso quando fiz as músicas.

— Eu também fiquei surpreso quando soube disso, mas o Mana não sabe ler partituras nem estudou teoria musical.

Kiryuin: Ah, é mesmo?

Mana: Nunca estudei música clássica e sempre fiz tudo de forma instintiva. Imagino que minhas músicas tenham ficado complicadas justamente porque eu as compunha ignorando a teoria musical.

Kiryuin: Realmente, não dá para reproduzir as músicas do MALICE MIZER.

— Voltando um pouco o assunto, o Kiryuin chegou a fazer covers de “ILLUMINATI” e “au revoir” quando estava no ensino médio, não foi?

Kiryuin: Foi isso mesmo. Eu cheguei a comprar um violino e frequentar aulas do instrumento para tocar “au revoir”. Ah, é mesmo, eu comprei o violino com o primeiro salário que eu recebi do meu primeiro emprego de meio horário. Eu decidi arranjar esse bico justamente para comprar um violino.

Mana: Isso é incrível!

— E você disse que chegou a apresentar sozinho um cover do MALICE MIZER num evento da sua escola no seu último ano de estudante?

Kiryuin: Sim. Apresentei sozinho porque todos os outros membros saíram e não tinha mais ninguém para tocar comigo (risos). Mas a plateia ficou muito empolgada assistindo à apresentação.

— Havia outros fãs de MALICE na sua classe ou na sua escola?

Kiryuin: Havia sim. Quando eu estava no meu segundo ano do colegial, tinha uma garota que amava MALICE MIZER e nós dois fomos juntos ao Shibuya AX em 2001 para assistir ao show com o Klaha-san (terceiro vocalista) logo após ele ter entrado na banda.

— E assim você chegou assistir MALICE ao vivo pela primeira vez.

Kiryuin: Sim. Quando eu estava no ensino fundamental eu não pude ir porque eu tinha que estar em casa cedo, mas no ensino médio eu consegui por pouco assistir à banda antes dela encerrar suas atividades (MALICE MIZER paralisou suas atividades em dezembro de 2001). Depois disso eu fiquei carente de MALICE MIZER e passei a ouvir várias músicas procurando por algo que fosse parecido. Eu quero aproveitar essa oportunidade e perguntar ao Mana. Onde eu encontro alguma música que seja parecida com a do MALICE MIZER?

Mana: Música parecida? Não acho que exista, já que eu queria criar um tipo de música que não tinha no mundo.

Kiryuin: Eu procurei por vários gêneros do mundo todo como Gothic Rock e outros. E realmente não tinha nada parecido.

Mana: Quando eu estava no MALICE MIZER, uma das nossas temáticas era tentar criar um tipo de música que ninguém nunca tinha ouvido antes. Então ficaria surpreso se houvesse algo parecido (risos).

Kiryuin: Por isso mesmo eu gostaria de algum dia poder ter uma banda para reproduzir as músicas do MALICE MIZER. Agora eu estou concentrado em fazer música pop que eu considere boa o suficiente, mas algum dia, após essa fase já ter se encerrado, eu gostaria de criar algo como “Associação para Reprodução das Músicas do MALICE MIZER”.

— Não seria apenas uma cópia da banda?

Kiryuin: Não é para ser uma cópia, mas sim um grupo para reproduzir a ambientação e tipo de música que o MALICE MIZER fazia. Por sinal, eu conversei sobre isso com o (Shomura) Satoyasu-san, baterista do “ALEXANDROS” e que também é um grande fã de MALICE MIZER, e ele me disse que gostaria de ser o baterista desse projeto.

Mana: Eu gostaria de escutar o que vocês vão fazer.

— Então que tal você pedir alguns conselhos diretamente ao Mana aqui?

Kiryuin: Ah, não precisa não (risos)! Isso é só um passatempo meu (risos).

— Por exemplo, que tal umas dicas sobre acordes?

Mana: Bom, se eu revelar o segredo dos meus acordes seria um problema para mim (risos). Mas eu insiro notas de propósito. De fato, quando você insere uma nota, apesar do som ficar instável, é possível criar uma nuance diferente. Se você não faz isso, o som que sai do acorde fica bonito demais. Mas quando você coloca uma nota diferente em algum lugar, você consegue criar algo que lhe faz pensar “hm, que som é esse?”. Mas se você erra a mão, vira só um som fora de tom (risos). Eu coloco notas de forma bem sutil. Numa parte bonita do acorde, você insere uma nota de forma momentânea e cria uma instabilidade, gerando um clima fantástico e único. (Após esse comentário,

Mana explicou ainda mais a fundo o seu segredo)

Kiryuin: Uau!! Obrigado pelas dicas! Me ajudou bastante!

— A propósito, o Kiryuin não chegou a ir ao show em comemoração aos 25 anos da banda no ano passado.

Kiryuin: Sim, eu estava trabalhando em Fukuoka e não pude ir. Mas pedi para um amigo comprar alguns goods no dia do show para mim. Ah, logo após ser confirmado o show de 25 anos do MALICE MIZER no TOYOSU PIT e antes de eu saber que nesse dia eu iria trabalhar, eu cheguei a comentar com alguns colegas de bandas que queria ir assistir ao show. Eu, o Kouki-kun do D=OUT e o YUKI-kun do LIRAIZO conversamos sobre ir juntos. Quando eu vou ao karaokê com eles, nós sempre cantamos MALICE MIZER (risos).

— Quais músicas vocês cantam?

Kiryuin: Todas que existem no karaokê (risos). No dia que conversávamos sobre o show, eu falei que depois da apresentação do MALICE no TOYOSU, nós deveríamos ir para o IKEBUKURO CYBER e fazer um evento de bandas cover de MALICE MIZER. Comentamos como seria divertido se os fãs da banda que fossem ao show em TOYOSU viessem nos ver no mesmo dia logo em seguida (risos).
Mana: Nesse nosso último show em TOYOSU, foram os roadies que cantaram, certo? Eu fiz várias descobertas sobre como as músicas ficam quando são cantadas por outras pessoas, por isso de certo modo fiquei com vontade de escutar mais outras pessoas cantando nossas músicas.

Kiryuin: É claro, se algum dia vocês fizerem uma coletânea musical, eu quero muito participar.

Mana: Ah, seria legal ter uma coletânea musical mesmo.

Kiryuin: Se algum dia eu puder participar de algo assim, quero ser bem específico na hora de recriar as músicas. Se eu conseguir deixar as músicas com um clima ainda mais parecido com o do MALICE ou reforçar os pontos da banda que eu acho que devem ser reforçados ficaria muito feliz. Isso já é praticamente um passatempo meu. Eu não ligo de gastar do meu próprio dinheiro para fazer isso, não importa os custos. Independentemente da minha banda acabar ou não algum dia (risos), eu quero começar a trabalhar nisso como passatempo quando eu tiver mais tempo livre.

— Mana, você já assistiu a algum show do Golden Bomber?

Mana: Não, nunca assisti. Quer dizer, eu já vi na televisão.

Kiryuin: Que vergonha...

Mana: Aliás, já faz tempo, mas uma vez vi o Golden Bomber num especial que passou de madrugada sobre Visual Kei.

— Não seria o “Kan Jam”?

Mana: Isso. Eu assisti ao programa.

Kiryuin: Ah!!

Mana: Eu fiquei feliz porque nesse programa você falou de forma bem casual que apesar dos membros do MALICE MIZER saberem tocar seus instrumentos, eles escolhiam dançar. Achei legal o que você falou.

Kiryuin: Ah, fico feliz que eles não tenham cortado esse comentário na hora de editar o programa.

Mana: Passei a gostar mais de você depois que você fez esse comentários legal. (risos) Fiquei pensando “Ah, ele realmente entende sobre o MALICE!”.


Nota de tradução: Kan Jam é um programa de variedades apresentado pelos integrantes da boyband Kanjani 8. O Kiryuin apareceu no programa no dia 8 de outubro de 2017.

— Por sinal, você assiste programas de variedades ou de comédia, Mana?

Mana: Não, eu só assisto mesmo programas de culinária. Eu escolho alguns aleatoriamente e marco para assistir depois. Recentemente teve até um que foi sobre padarias?

Kiryuin: Ah, eu apareci nesse programa!

Mana: Eu assisti esse. Teve uma parte sobre torrada com presunto na qual eu me identifiquei. Eu também comia bastante dessa torrada (risos). Eu também assisto a programas de viagens. Tem bastante desses na televisão digital via satélite. Tem um programa em especial que é sobre viagens ao redor do mundo que eu assisto porque eu gosto. Basicamente eu só assisto esses dois tipos de programas. E programas sobre montanhas? Eu gosto de coisas relacionadas à montanhas.

Kiryuin: Só podia ser você mesmo.

— Kiryuin, tem alguma coisa que você gostaria de perguntar ao Mana?

Kiryuin: Então, eu não sei se dá para perguntar isso, mas posso te fazer uma pergunta sobre algo que talvez não dê para publicar na entrevista?

Mana: ... (faz sim com a cabeça)

Kiryuin: Então, eu queria saber o que aconteceu com o Shimada-san que era arranjador de vocês.

Mana: Acho que ele não está mais no meio musical. Faz um bom tempo que ele parou de trabalhar... Ah, por sinal, foi ele que me falou sobre teoria musical. Ele era especialista em música clássica e eu achava incrível que ele sabia todos os acordes. Eu via ele trabalhando e cheguei a pensar que deveria estudar teoria musical também. Quando comentei isso, ele me disse: “Não, acho melhor você não estudar teoria musical, Mana-chan”. Era justamente por não saber teoria musical que eu conseguia criar aquelas músicas peculiares, então ele disse que provavelmente era melhor que eu continuasse fazendo música sem saber a teoria. Foi nessa hora que eu tive a certeza que não precisava saber isso para continuar fazendo música e estou aqui até hoje.

Kiryuin: Então foi isso que aconteceu. Fico feliz em saber. Como faz anos que eu tenho pesquisado de diversas formas sobre a música do MALICE MIZER, essa era uma das coisas que eu queria perguntar faz tempos. Tenho muito interesse em saber como era o meio onde as músicas eram produzidas. Então, se eu quiser criar alguma música parecida com a do MALICE MIZER, seria bom eu ter um arranjador que também saiba sobre afinação de instrumentos. O Shimada-san era afinador de pianos, não era?

Mana: Era sim.

— E você, Mana, tem algo que queria perguntar ao Kiryuin?

Mana: Não é uma pergunta, mas eu acho legal que você queira criar músicas parecidas com a do MALICE MIZER. Eu estou aguardando ansiosamente pelo dia em que poderei ouvi-las, tenho muito interesse.

Kiryuin: Oh! Eu pretendo fazer isso algum dia. O dinheiro que eu ganhar com o Golden Bomber eu quero investir nesse projeto, sem me importar se eu vou ter lucro (risos). Eu li uma entrevista na época em que vocês comentaram sobre como gastavam dinheiro com as roupas e cenário, então vocês terminavam o mês no vermelho mesmo fazendo vários shows. É realmente impossível alguém recriar algo como o MALICE MIZER nessas condições. Por isso o meu sonho é fazer muito sucesso e poupar todo o dinheiro que conseguir, para que eu possa usá-lo nesse projeto (risos).

— Hoje foi a primeira vez que vocês se viram e conversaram por mais de uma hora. O que vocês acharam dessa experiência?

Kiryuin: Ele é o “Mana-sama”, definitivamente.

Mana: Ah, você acha?

— E o que você achou, Mana?

Mana: Bem, fiquei muito surpreso com a quantidade de coisas que ele sabe sobre nós.

— O Kiryuin é mesmo um grande fã da banda. Eu também gostaria de lhe perguntar algo. Existe alguém que você idealize ao mesmo ponto que o Kiryuin idealizou você?

Kiryuin: Ah, alguém que influenciou você.

Mana: Alguém que me influenciou? Eu vou a shows de diversas bandas desde a minha adolescência. Por isso eu absorvi muitas coisas diferentes.

— Mas não existe alguém em particular que te influenciou mais?

Mana: Não tem ninguém em especial.

Kiryuin: Mas eu gostaria muito de saber quais foram as suas maiores influências musicais.

Mana: Bom, talvez a minha maior influência tenha sido o pop francês. O pop francês nunca chegou de vez ao Japão, então eu o conheci numa época em que ele não era muito difundido e por causa dele conheci o segredo das notas musicais.

Kiryuin: Foi o pop francês então.

Mana: É porque ele tem esse tom peculiar, um quê de aventura francesa? Eu fiquei impactado com esse som e queria incorporá-lo de alguma maneira. Realmente foi o pop francês que me influenciou demais.

Kiryuin: Acho que eu não prestei atenção nisso quando li as entrevistas da banda. Quando você falava sobre tal compositor de música clássica de tal época, eu buscava ouvi-los na medida do possível, mas não cheguei a notar quando você falou de pop francês.

Mana: Na verdade acho que eu não cheguei a comentar muito sobre pop francês. Seria um problema se as pessoas descobrissem o meu segredo (risos).

Kiryuin: Quero escutar o máximo possível de todos os gêneros musicais que lhe influenciaram. Vou escutar um por um e continuar pesquisando sobre.

Mana: Bom, “au revoir” é baseada no pop francês. Na parte de composição de sons.

Kiryuin: Ah, eu me lembrei de algumas músicas que levam um pouco de pop francês. Como a “APRÈS MIDI ~aru Pari no Gogo de~”.

Mana: Sim, essa também é inspirada no pop francês.

— Parece que hoje você conseguiu muito material interessante para pesquisar sobre MALICE MIZER.

Kiryuin: Sim! Algum dia eu pretendo montar uma banda que consiga recriar com alta qualidade as músicas do MALICE MIZER. Vou continuar me esforçando!

Friday, May 04, 2018

BUCK-TICK - N.0 full experience


Entrada do Café Temático~

Quando planejei essa viagem, o foco era ver o Show do Moix dix Mois. Até então acreditava que não teria a mínima chance de ver o BUCK-TICK de novo. (quem não sabe eu os vi em 2015 e o post está aqui http://sansretour.blog.fc2.com/blog-entry-73.html <3 fui a um DIQ)


Eis que eles anunciaram que lançariam CD logo quando eu estaria chegando lá. Assim como teria um Café temático, uma exposição deles e (como se não fosse o bastante) a turnê nova começaria no meu último fim de semana no Japão. Para quem não esperava nada relacionado a eles, foi uma surpresa BEM MOVIMENTADA, não é?

Isso tudo me deixou muito empolgada mas, sabem como é, nem tudo são flores. Eu estaria em Osaka e esses primeiros shows seriam na região de Tokyo. Além disso, o ingresso estava impossível de conseguir. Cayce (esse anjo do fandom) me colocou em todas as loterias possíveis para conseguir um ingresso e NADA.

Fui para o Japão desenganada, já feliz em ao menos ir no Café e na Exposição. Cayce combinou de me encontrar para ir nas duas coisas e me entregar outros ingressos que encomendei com ela. Isso pra mim já estava mais que o suficiente (afinal eu sei como ela é discreta e não é o tipo que sai encontrando as pessoas para quem ela faz shopping service).

Menu do Café Temático~


Logo antes de ir para o Japão saiu o Álbum novo (minutos antes de sair para viagem), que eu baixei, botei no celular e fiquei ouvindo no repeat durante as longas horas de voo. Ao chegar no Canadá (nossa escala) uma surpresa. Cayce me avisa que conseguiu um par de ingressos revendendo! (No Japão é muito comum, com esse sistema de loterias maluco, pessoas revendendo ingressos de shows esgotados. Foi assim que a Cayce conseguiu o meu do DIQ da outra vez.)

O preço era bem salgado (mais que o dobro do ingresso original), mas era para a 14º fileira, o que é MUITO PERTO/um ótimo lugar, para um show do BUCK-TICK.
Seria caro, seria complicado, mas eu pensei... que chances? Queria muito vê-los então topei. Cayce disse que se eu aceitasse ela pegaria o outro ingresso e nós iriamos juntas ao show. O que podia ser mais divertido que isso?


Nós chegamos no Japão quinta a noitinha e eu já a encontraria no dia seguinte. Ela gentilmente agitou um pequeno meeting e isso me empolgou muito. Fui encontra-la para primeiro irmos ao Café e depois a Exposição. Cada um numa Tower Records (o café na de Harajuku e a exposição na de Shibuya).

Encontrei a Cayce no final da tarde numa estação e fomos andando até o café. (entre esperar ela e durante o tempo que andamos, pude ver o BUCK-TICK truck várias vezes, mas nesse dia não consegui tirar fotos dele). Eu estava bastante ansiosa~ Mas ela foi muito gentil comigo. Falava num inglês bem pausado e fácil de entender. Já o meu inglês era AQUELA COISA MAS 8D.
Fomos até o café que ficava em Harajuku e encontramos outra fã, da Colômbia! E era bom ter outra latina junto kkk.

Subimos para o café e, para minha surpresa, tinha uma fila para entrar! Tivemos que esperar algum tempo até conseguir uma mesa. Enquanto isso fiquei olhando alguns goods, mas nada me chamou muito a atenção, então não fiz compras no café. Ficamos conversando ali mesmo e eu reparando a decoração e as pessoas no café. 99% eram mulheres. (de cabeça eu lembro de ter visto dois caras,  acho que só.).
Era meio engraçado de ver porque estava lotado de mulheres de meia idade, com roupas bem normais, sem nenhuma maquiagem extravagante nem nada. Havia inclusive mães com filhos pequenos. Se eu não soubesse que era um café do BUCK-TICK, diria que era só um café comum 8D. Certamente nós três eramos as 3 pessoas mais estilosas no lugar.

Decoração


Conseguimos nossa mesa então. O mobiliário em si não tinha nada de especial (afinal esse local recebe cafés temáticos de curta duração, não deve rolar mudar os móveis conforme o tema). Mas o cardápio era fofo, as paredes estavam com fotos deles e havia um telão exibindo shows (e a música ambiente era a música do show em questão). Então era muito maneiro poder comer ouvindo BUCK-TICK, cercadas por eles de todos os lados. Realmente uma experiência que a gente aqui do Brasil imagina que vai ter algum dia na vida.

Mais decoração~


Os pratos eram temáticos, com nomes baseados em músicas do cd novo. Já as bebidas eram cada uma "criada" por um dos membros da banda! (além disso tinha a cerveja com o logo da banda que eu só não trouxe com medo que quebrasse a mala). Havia pratos salgados e sobremesas, café e bebidas alcoólicas <3

Salome - femme fatale 

Sakura no kisetsu e a cerveja que estava lá à venda~



Meus escolhidos foram o Salome - femme fatale (um french toast com frutas vermelhas, sorvete e creme <3) e a bebida criada pelo Atsushi, chamada "Sakura no kisetsu" (aparentemente 'A temporada de flores de cerejeira'), que era basicamente champanhe MOET&CHANDON com xarope de berrys e flor de cerejeira!


Os preços eram mais ou menos ok? Não era barato, minha conta deu quase 100 reais, mas os ingredientes eram realmente chiques, então achei justo. Tudo era bem high end, pareciam coisas bem selecionadas (poxa Atsushi CHANDOM <3) e estava delicioso!
Ao pedir um prato você ganhava um postal especial e ao pedir um drink você ganhava um apoio de copos. Era um bom souvenir para guardar!

Brindes que você ganhava no café~


O ambiente era muito gostoso, ficamos ali falando sobre a banda, comendo essas delicias, ouvindo/vendo shows do BUCK-TICK, cercados por decorações deles. Ao mesmo tempo eu achei curioso que tava cada um na sua, o pessoal não ficava interagindo. Não sei por ser muito brasileira ou o que, mas fiquei imaginando que se no Brasil tivesse um café assim, todo mundo iria querer conversar uns com os outros?

Uma das entradas da Tower Records de Shibuya



Bem, saindo dali, rumamos a Shibuya. Fomos a pé e chegamos a Tower Records de Shibuya. Eu não havia ido lá na ultima viagem, não fazia ideia do quão grande era. O novo CD do BUCK-TICK havia acabado de ser lançado e uma das portas da loja estava completamente decorada com isso.
Tinha a entrada decorada, um "poster" gigante logo no começo da loja e um grande corner, tudo promovendo o CD novo. Lá você podia ouvir o CD e também haviam alguns outros CDs anteriores juntos e uma indicação sobre a exposição.


Divulgação em peso!

Feliz <3 Com os mozão


Subimos até o andar da exposição (se não me engano também ganhava um cartão especifico?) e lá estava relativamente cheio. (também de mulheres japonesas de meia idade com roupas normais kkk). Achei meio chato que não podia tirar foto das coisas (mas como a Cayce 8DDD é vida loka, tirou foto de tudo, podem conferir no blog dela http://blog-tick.blogspot.com.br/2018/03/exhibitioni-and-other-stories.html). Não tive coragem de tirar foto das coisas também, mas aproveitei cada segundo.
Lá haviam manequins com as roupas dos membros da banda em vários shows. O interessante é que os manequins tinham as alturas deles. É curioso como eles são baixinhos kkkkk Vendo no palco parecem mais altos, mas vendo as roupas, realmente mesmo o Hide não é tãoooo alto assim.

Entrada da exposição


É interessante olhar o detalhe das roupas, o quanto são bonitas e bem feitas. Certamente minha parte favorita foi que alguns dos oufits do Atsushi de meia calça estavam lá. E dava para ver A MEIA EM SI. Não sou de ficar tendo pensamentos ERRADOS (aham Anne), mas confesso que ver aquelas meia sfinas tão de perto me deixou 8DDDD tendo ideias.

Além das roupas deles haviam objetos cenográficos usados em clipes, Concept arts, propagandas antigas! Era algo realmente maneiro de se olhar. No fundo da sala tinha um telão exibindo show e algumas cadeiras. E realmente tinha umas pessoas sentadas ali vendo o show.

As roupas eram todas de shows mais recentes, mas haviam itens antigos também (não de roupas), inclusive propagandas e cartazes. Confesso que sendo uma exposição, talvez eu estivesse esperando material mais "raro"? Mais antiguidades talvez. Mesmo assim foi legal ver as roupinhas bem de perto <3






Lá havia alguns banners nos quais podia se tirar foto e era isso. Também tinha uma parte com algumas coisas a venda, onde deu para comprar o cd novo versão limitada <3 E tinha (o que me surpreendeu) o nº9 limitado também! Os outros itens estavam meio meh, por isso só levei uma sacolinha (mini ecobag) comemorativa dos 30 anos da banda. Confesso que adoraria uma camiseta legal com a mesma estampa, mas não tinha.


Imitando a pose do Mozão U-ta



Andamos mais pela Tower Records e havia corners divulgando a banda e o CD novo em cada andar. Revistas com eles na capa ou com entrevistas deles na parte interna. Realmente uma divulgação massiva que eu não estava esperando. BUCK-TICK é mesmo grande no Japão gente. Inclusive, durante todo o resto da viagem, em vários estabelecimentos comerciais estava tocando algo do CD novo, ou propagandas do CD novo.
(embora a Cayce tenha tido que nem sempre a divulgação é tão agressiva assim. Mas dessa vez, onde quer que você fosse, teria BUCK-TICK, inclusive ouvi tocando nos Kombinis!).


Cheia de comprinhas kkkk


Depois da exposição nós atravessamos a cidade para encontrar outra fã de Buck-tick (uma garota bem simpática de Los Angeles) e fomos a um bar muito true (em Nakano). O lugar tinha uma pegada bem gótica, a atendente estava de lolita e o dono era amigo da Cayce, outro grande fã da banda.


Dando rolê no bar maneiro~


O lugar era pequeno, pegamos a maior mesa, cheia de candelabros e tomamos ótimos drinks. Havia um telão e o dono do bar foi colocando coisas que a Cayce levou. Primeiro os clips do CD novo, depois o Show do Mortal (Ela levou os DVDs dela). Foi realmente uma experiência e tanto, estar num bar tão maneiro, com a banda no telão, encontrando outras fãs.

Fiquei lá até bem tarde e queria ter ficado mais. Mas ne, estava sozinha num bairro que nunca fui 8D tendo que voltar para casa fazendo baldeação e com medo de perder o último trem~

Ficava feliz cada vez que cruzava com o caminhão de Mozões


Agora temos um pequeno salto no tempo, já que o show em si foi no meu último fim de semana no Japão. Como foi tudo uma loucura e em cima da hora, calhou de eu estar em Osaka e ter que ir a um show no subúrbio de Tokyo. Isso dava quase 4 horas só de trem bala. Além disso eu tinha uma baldeação até chegar a estação do trem bala de Osaka e outra de Yokohama até Hachioji (bairro onde aconteceria o show).
Foi uma aventura e tanto de se fazer sozinha (e eu me achando grandes coisas por ter ido sozinha ao Nippon Budokan da outra vez 8D). E realmente eu não teria conseguido sem o Google Maps e o chip ilimitado de internet kkk (coisa que da outra vez eu não tinha).

Plena na condução


Resolvi sair cedo de "casa" para não correr o risco de me atrasar, mesmo que o show fosse só as 18:30. A viagem foi tranquila e eu cheguei em Hachioji lá pelas 13/14hs.
A casa de show (que tal qual a do Mana 8D) era dentro de um tipo de shopping. No último andar. E a estação era basicamente anexa ao lugar, então pensei, vou lá antes de tudo! Assim já ajuda a me localizar.

Local onde foi o show~


Fui achando que não ia ter ninguém ainda, que poderia ficar tirando várias fotinhas com posters e etc. Mas, chegando lá, estava muito, muito cheio. Uma fila imensa, que descia as escadas, pra comprar os goods (e a venda ainda demoraria bastante a ser aberta).
Isso me surpreendeu e eu resolvi dar meia volta e ir curtir o bairro. O bairro em si era bem residencial e, por ser domingo, tinha bem pouco movimento. Até pensei em almoçar em algum restaurante, mas não achou nada que me chamou a atenção e então fui até o Kombini e comprei algumas coisinhas para comer depois.
Andei procurando cerejeiras e achei algumas muito bonitas. Várias casas tinham cerejeiras (e jardins lindíssimos). Havia árvores bonitas e frondosas, em plena florada, até mesmo em estacionamentos.
A caminhada estava muito divertida e segui até achar uma praça LOTADA de cerejeiras. Todas floridas e de vários tipos (das mais brancas as mais rosadas). O lugar era calmo e resolvi fazer meu lanche ali.
Tinha um campinho de softball, crianças com os pais, velhinhos e pessoas fazendo hanami. Parei para comer e fiquei observando tudo, especialmente um grupo animado que fazia hanami ouvindo Despacito KKK.

Fiquei fazendo book com as Sakura(i)s


Uma coisa que eu achei curiosa foi que haviam alguns velhinhos de cadeira de rodas com (aparentemente) cuidadores e todos eles foram puxando papo comigo enquanto eu estava fotografando as cerejeiras. Achei isso tão fofo? Todos os velhinhos que encontrei nessa praça eram super simpáticos~

Ainda faltava um tanto para o show (acho que eram umas 15:30 nesse momento), mas resolvi voltar ao local do show por que a Cayce havia combinado de me encontrar mais cedo. Chegando lá, os fãs haviam dispersado um pouco. Não havia mais fila para comprar goods e o pessoal tava meio espalhado pelos três últimos andares do lugar e numa pracinha que ficava no espaço entre o prédio e a estação de trem.

Fui olhar os goods e confesso, achei tudo muito caro 8D Muita coisa sem graça (no ano que eu fui ao DIQ tinha muito mais good legal, mas eu estava pobre demais para comprar 8D mais coisas).
Até camiseta, que eu fazia QUESTÃO de comprar uma, acabei não comprando. Os modelos eram meio nada haver, umas modelagens esquisitas, com desenhos sem nada demais e um material muito fino.
Os goods em si eram muitas coisas genéricas, só com uma foto da banda nelas. (tipo os LENÇOS UMIDECIDOS DO BUCK-TICK). As coisas mais maneiras (a jaqueta de "couro" que tinha um design massa, mas a qualidade do material deixava MUITO A DESEJAR, a toalha de PRAIA do BUCK-TICK e o power bank) estavam muito, muito caros.

Fraco de goods :/


Isso me deixou meio triste. Acabei só comprando o photobook do show (que nem tava aquilo tudo), umas figurinhas e a pulseira daquele dia de show (esse sim eu achei maneiro e por um preço bem razoável). Eu quase comprei os esmaltes feitos pelo Hide 8D que também tinham um preço bom. As cores não eram lá o meu tipo e então acabei deixando, mas me arrependo um pouco disso.

Comprei as coisinhas então e fiquei um pouco ali, olhando o movimento quando a Cayce chegou. Fui dar uma olhada nos goods com ela e depois fomos beber na pracinha (kkk). Encontramos uma fã das antigas japonesa (que não conseguiu ingresso para aquele show) e batemos um tanto de papo com ela. Estava uma atmosfera agradável, realmente uma outra experiência, afinal da outra vez eu fui sozinha ao show.



Meu coração foi acelerando conforme foi chegando a hora de entrar e nem a bebida me deixou mais calma. Fomos para fila perto do horário de entrar e observar aquelas pessoas era bem diferente da experiência que tive com o DIQ.
Não lembro de ter visto nenhuma lolita. Havia poucas pessoas chamativas. Quase todo mundo de preto, é verdade, mas pareciam estar muito com roupas do dia a dia? No DIQ eles pareciam estar no dia de festa (os fãs), com seus trajes mais elegantes. Contudo, naquele show, bem... as pessoas realmente pareciam preparadas para irem a um show kkk. A maioria usando camisetas da banda mesmo, fosse daquela turnê ou de turnês anteriores.



O número de mulheres era maior que o de homens, mas até que tinha consideravelmente bastante caras. Creio que a maioria era da faixa dos "30", mas também tinha fãs que pareciam bem novinhas, e claro, fãs mais velhos. Acredito que nisso também havia uma diferença com o DIQ, nele a média de idade parecia maior!

Entramos então e fomos ao nosso lugar. A 14º fileira é REALMENTE muito perto do palco. E a forma como os halls japoneses são montados geram uma inclinação ótima. Ninguém fica na sua frente, mesmo se você for pequeno.
No palco já dava para ver um monte de aparatos e eu fui me empolgado até que o show realmente começou, já cheio de efeito especiais. <3

Antes do show~ sentadinha tirando foto escondida. O pessoal da banda saia de dentro desses coisos brancos! (tinha altos efeitos especiais, foi bem maneiro. Só o Atsushi que vinha depois)


Segue abaixo a Setlist do show que eu fui para vocês conferirem:


Reishiki 13-Gata "Ai"
Bishuu LOVE
Salome
Hikari no Teikoku
Ophelia
Nostalgia -Vita Mechanicalis-
ICONOCLASM
Melancholia -ELECTRIA-
IGNITER
Zangai
Rakuen
BABEL
Moon Sayonara wo Oshiete
Guernica no Yoru
Tainai Kaiki

Encore:
GUSTAVE
Barairo Juujidan -Rozen Kreuzer-
ROMANCE

Encore 2:
PINOA ICCHIO -Odoru Atom-
Jonathan Jet-Coaster
Solaris

Sentadinha, tirando foto escondida enquanto esperava o encore~ ERA MUITO PERTO GENTE


Agora as considerações. O show começou primeiro com a sequência do CD novo, o que achei interessante (as duas primeiras músicas serem exatamente na ordem). Ficamos em músicas do N.º até tocar ICONOCLASM e tivemos algumas músicas de álbuns anteriores misturadas.

O show em si foi incrível, acho que o DVD vai ficar muito foda. Eles tinham muitos aparatos, muitos efeitos de luz, fumaça, fogo. Muitas coisas cenográficas e um palco que realmente deve precisar de muita preparação para montar. Acredito que, das turnês dos últimos anos, essa deve ter sido a mais visualmente trabalhada. Você realmente se sente num grande show.

Estando relativamente perto do palco esses detalhes chamavam ainda mais a atenção. Ao mesmo tempo distraíam um pouco? Eu quase não conseguia ver o Yutaka ou o Anii por exemplo. Era tanta coisa acontecendo que eu não sabia nem para onde olhar. Justamente por isso estou ansiosa pelo DVD. Especialmente na música Guernica no Yoru, onde a projeção no telão acabou me levando as lágrimas.

O show que fui foi o segundo da turnê. A Cayce foi no primeiro dia (que foi o dia anterior) e me garantiu que eles pareciam completamente perdidos no dia anterior, mas que o show (em termos deles) parecia bem melhor no segundo dia. Mas é engraçado, eu conseguia notar que em alguns momentos eles pareciam meio perdidos, era diferente de quando eles tocavam, por exemplo, uma ICONOCLASM. Mesmo uma banda tão experiente, eu imagino, demora um pouco a pegar o ritmo quando começa uma turne nova? (embora, isso não quer dizer que estava ruim. Pelo contrário, é até um pouco fofo vê-los ainda testando o que fazer, ou se sentindo perdidos no palco novo).

Plena


Os pontos altos pra mim foram sem dúvida "Zangai" (que foi a música que me atraiu ao BUCK-TICK em 2003 e me trouxe para esse belo fandom no qual estou até hoje). Foi muito emocionante ouvir ao vivo a música que me fez virar fã deles. Me senti presenteada por isso, realmente me emocionou muito. Igualmente fiquei feliz com RAKUEN, que é uma música que eu adoro e eles quase não tocam.
Romance foi legal, mas é uma música que eles até tocam com bastante frequência, ne? Acho que a melhor parte foi o Atsushi errando a letra kkk (eu acho bonitinho, me deixem).

Das músicas do CD novo, Bishuu LOVE e GUSTAVE, especialmente foram as mais sexys. O Atsushi estava possuído pelo ritmo Ragatanga em ambas. Mas de modo geral gostei de como tudo soou ao vivo. Esse novo CD está muito bom e funcionou muito bem ao vivo.

O Show terminar com Solaris foi interessante, acho que é algo que eu não esperava? Eu particularmente teria escolhido outra sequencia de encore, embora tenha conseguido entender o apelo.

Agora, uma coisa importante é comparar os dois shows diferentes que já consegui assistir do BUCK-TICK. Em 2015 eu fui ao The Day in Question (DIQ) e agora a um show de turnê. E sim é muito, muito diferente!
Aqui vem a minha dica para você fã que sonha em ver o BUCK-TICK ao vivo. Se puderem, prefiram o DIQ a um show de turnê (se só puderem ir em um).

Digo isso por que, mesmo que o DIQ seja muito maior e dificilmente você consiga ficar perto do palco, a vibe é muito diferente. DIQ é festa, é um grande evento. É onde você vai ter a oportunidade de ver a banda tocando músicas que eles já estão acostumados. Onde, com sorte, você vai ouvir suas músicas favoritas de ao longo da carreiras deles.
Claro, é muito gostoso curtir o som e o conceito de um CD novo. Mas, para quem acompanha eles a tanto tempo, é outra vida poder ouvir todas aquelas canções que marcaram você.

Não que ter ido em um show de turnê tenha sido ruim, muito pelo contrário. Foi lindo, foi ótimo ver eles assim de perto. O Atsushi domina completamente o palco, a banda tem química, é ótimo ver o conceito que eles quiseram trazer assim, tão bem executado. Contudo, no DIQ eles parecem ainda mais confortáveis no palco, parece que tem mais espaço para a banda interagir entre si (embora o Atsushi estivesse bem assanhadinho para cima do Imai e do Hide kkk).

E foi isso. O show acabou com um gostinho de quero mais (inclusive no DIQ os encores são mais longos viu? Eu achei muito curtinho :( embora na realidade o show tenha sido longo, 21 músicas não é pouco.). Realmente não vi o tempo passar, dançando e me emocionando com a banda.

Pulseirinha do show~ era primeiro de abril <3 MAS ERA VERDADE


Inclusive achei a plateia bem animada? Mesmo sendo músicas novas o povo já estava animadão. Todo mundo dançando, uma energia bem maneira. E, plus, foi uma experiência muito diferente ir a um show com outra pessoa. Poder comentar as coisas nos momentos que elas aconteciam, ficar pulando animada junto. Fico muito grata por ter tido companhia, mudou bastante a experiência para mim.

Deu para RESPIRAR BUCK-TICK nessa viagem~


Assim termino meu relato. Agradeço a todo mundo que conseguiu ler até aqui! Sei que isso não foi exatamente um live report e sim uma "full BUCK-TICK experience". De todo jeito realmente queria contar como foi estar no Japão num momento assim, podendo RESPIRAR a banda em todos os cantos <3

Fiquem  vontade para fazer perguntas :3 agradeço comentários e até a próxima~